O Registro DOI deste artigo é: 10/hq32
https://doi.org/10/hq32
Autora:
Lucineide Medeiros de Souza Loureiro1
1tialumedeiros@gmail.com
RESUMO
Este trabalho busca apresentar reflexões acerca da música no desenvolvimento infantil, em especial no que diz respeito à psicomotricidade da criança. Em outras palavras, tem como objetivo central analisar o papel da música nos anos iniciais da educação em âmbito nacional. Para tanto, como aporte teórico, foram utilizados estudiosos que discorrem acerca do desenvolvimento infantil (PIAGET, 1982; WALLON, 1998), além de pesquisas sobre a importância da música no contexto de ensino-aprendizagem (BRITTO, 2003; BASTIAN, 2009; SANTOS; MATTOSO; GROSCH, 2017). Cabe destacar também que este artigo parte de uma pesquisa bibliográfica (SEVERINO, 2007), a qual tem como base registros já disponíveis, ou seja, pesquisas anteriores que debatem o tema em questão. Ademais, foi realizada uma breve análise da metodologia adotada por uma escola de educação infantil e que utiliza a música como mais uma importante ferramenta pedagógica. Como resultado, pôde-se perceber a gama de possibilidades ao se trabalhar com a música em sala de aula, em especial com vista aos Campos de Experiencias destacados pela BNCC (2017), como, por exemplo, a competência “Corpo, gestos e movimentos. Assim,após o estudo, e como exposto ao final deste trabalho, percebe-se a música como uma válida alternativa para o ato educacional dentro da educação infantil, pois, por meio dela, é possível aprimorar as funções cognitivas e motoras, além de favorecer os aspectos afetivos e a socialização.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Infantil. Psicomotricidade. Música. Ensino Montessoriano. Desenvolvimento infantil.
1 INTRODUÇÃO
Como sabemos, a criança absorve conhecimentos advindos dos mais diferentes ambientes, seja na escola – educação formal – ou em casa, com a ajuda dos pais ou responsáveis. Ademais, muitas das vezes, esse conhecimento advém de momentos lúdicos, os quais contribuem para o desenvolvimento cognitivo, bem como psicomotor da criança. Nesse sentido, Dos Santos, Mattoso e Grosch (2017, p. 12) argumentam que, através de diferentes atividades lúdicas, “a criança demostra ações e atitudes que revela o caráter que se apresenta intrínseco, sendo moldado por um contexto crítico social, afetivo e motor, diante das influências do meio em que vive”. Logo, como poderemos observar ao longo deste artigo, o lúdico tem papel importante no desenvolvimento educacional e social do sujeito que ainda se encontra nas fases iniciais da educação.
Desse modo, refletindo sobre o exposto acima, percebe-se a música (possível opção lúdica) como uma importante ferramenta auxiliadora no processo educacional da criança, pois, como apontam algumas pesquisas (BASTIAN, 2009; DOS SANTOS; MATTOSO; GROSCH, 2017), as atividades musicais, quando trabalhadas de forma adequada, podem estimular a criança, permitindo que a mesma se expresse e desenvolva sua psicomotricidade, por meio da dança ou gestos, por exemplo.
Posto isto, esta pesquisa, que parte de um estudo bibliográfico, visou compreender o desenvolvimento psicomotor infantil por meio da música. Em outras palavras, buscou-se comprovar a validade da canção no que tange à evolução motora – além da evolução social – de crianças que frequentam a educação infantil. Além disso, para a realização deste estudo, desenvolveu-se, também, uma breve análise acerca da metodologia usada com as crianças da Escola Infantil Montessori, a qual emprega a música em diversos momentos do processo de ensino-aprendizagem. Buscou-se, dessa forma, melhor conhecer o desenvolvimento psicomotor infantil através da música e seus benefícios.
Além dos principais estudiosos que deram respaldo teórico a esta investigação (PIAGET, 1982; WALLON, 1998), foram de suma importância para uma melhor compreensão do tema autores contemporâneos e que se debruçam sobre a temática, a saber: Britto (2003), Bastian (2009), Santos, Mattoso, Grosch (2017), entre outros; estudiosos que voltam suas pesquisas, em especial, para a fase inicial da vida humana, o infantil. Ademais, buscou-se respaldo, também, em documentos oficiais da educação, como, por exemplo, a BNCC (2017).
Por fim, cabe destacar que este trabalho se encontra dividido em quatro seções, além desta introdução, são elas: (1) desenvolvimento, na qual é trazida à baila da discussão os teóricos que serviram como premissa para esta investigação; (2) metodologia, o passo a passo metodológico adotado ao longo da pesquisa; (3) analise de dados, uma breve interpretação acerca do que vem sendo desenvolvido na Escola Montessori; e (4) conclusão, na qual apresenta-se as últimas palavras que sintetizam esta pesquisa, além de possíveis reflexões que possam auxiliar a outros estudos que, por ventura, venha a tratar da temática aqui abordada.
2 DESENVOLVIMENTO
De acordo com Rezende, Tavares e Santos (2011), foi a partir do século XX que se descobriu a contribuição da música para a aprendizagem e o desenvolvimento corporal, logo, uma temática que vem ganhando espaço nos mais diferentes âmbitos educacionais, bem como nos documentos oficiais de norteiam a educação brasileira. Posto isto, inúmeras pesquisas (ZAMPRONHA, 2002; BRITTO, 2003; BASTIAN, 2009) têm mostrado que a psicomotricidade, quando atrelada à música por meio dos diferentes elementos que a compõem (ritmo, som, letras, etc.), pode contribuir de forma significativa no desenvolvimento infantil. Assim, cabe destacar que, como dispõe a BNCC (2017):
a música é a expressão artística que se materializa por meio dos sons, que ganham forma, sentido e significado no âmbito tanto da sensibilidade subjetiva quanto das interações sociais, como resultado de saberes e valores diversos estabelecidos no domínio de cada cultura. A ampliação e a produção dos conhecimentos musicais passam pela percepção, experimentação, reprodução, manipulação e criação de materiais sonoros diversos, dos mais próximos aos mais distantes da cultura musical dos alunos. Esse processo lhes possibilita vivenciar a música inter-relacionada à diversidade e desenvolver saberes musicais fundamentais para sua inserção e participação crítica e ativa na sociedade (BRASIL, 2017).
Ademais, se refletirmos por esse viés, é possível percebermos, em especial a partir da prática em sala de aula, que a música pode ajudar à criança em seu pleno desenvolvimento, ou seja, desenvolvimento motor, emocional e também cognitivo.
Tal tríade – motor, emocional e cognitivo – pode ser avaliada também a partir dos estudos de Piaget (1982), o qual discorre acerca das etapas do desenvolvimento humano, a saber: (1) sensório motor, ou seja, início do desenvolvimento das coordenações motoras; (2) pré-operatório, o desenvolvimento do intelecto simbólico; (3) Operatório concreto, compreensão de conceitos; e (4) operatório formal, aprimoração do raciocínio lógico1. Em outros termos, com a ajuda da música, podemos desenvolver de forma plena a criança, em especial se pensarmos nas etapas elencadas por Piaget. Cabe destacar também que o estudioso defende que o desenvolvimento se dá por etapas, diferentemente de Wallon (1998) argumenta que o desenvolvimento se dá de forma simultânea por meio dos sentimentos que a criança pequena desenvolve.
1Cabe destacar a importância da música no desenvolvimento da Coordenação Ampla (Grossa), a qual é desenvolvida durante a infância, permitindo os movimentos maiores do nosso corpo, como, por exemplo, mexer os braços, pernas, mãos, correr, pular, etc. Logo, a música pode auxiliar em grande parte no processo de forma geral.
Muito embora tais estudiosos possam divergir em determinados aspectos, alguns aspectos não podem ser negados:
ambos acreditam que o desenvolvimento psicomotor infantil se dá através de vivências e experiências, que permitem a criança conhecer o ambiente onde está inserida desde a mais tenra idade, gerando ideias e experiências que permita adquirir o conhecimento e aprendizado necessário para um desenvolvimento efetivo (SANTOS; MATTOSO; GROSCH, 2017, p. 17).
Dessa maneira, a musicalização ganha grande importância se pensarmos a partir dos estudos anteriormente citados, afinal, por meio dela, podemos desenvolver a intuição e a sensibilidade da criança, desenvolver a fala, ajudar no desenvolvimento da atenção e percepção e contribuir para a imaginação infantil. Ou seja, trata-se de uma importante aliada nas fases infantis da educação.
Assim, é importante que a música esteja presente no currículo escolar, isso porque praticar a música com as crianças pode permitir movimentos e consequentemente, explorar o ambiente ao qual a criança pertence (BRITTO, 2003).
Ainda neste mesmo sentido, Oliveira discorre que a música pode integrar a criança ao mundo, pois, “é possível afirmar que ela está presente em todas as regiões do globo, em todas as culturas, em todas as épocas, ou seja, a música é uma linguagem universal, que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço.” (OLIVEIRA, 2009, p. 01).
Ainda corroborando com a afirmação de Oliveira, temos o Documento de Música do Referencial Curricular Nacional (RCNEI) que destaca que:
[…] em todas as culturas as crianças brincam com a música. Jogos e brinquedos musicais são transmitidos por tradição oral, persistindo nas sociedades urbanas, nas quais a força da cultura de massa é muito intensa, pois são fonte de vivências e desenvolvimento expressivo corporal. Envolvendo o gesto, o movimento, o canto, a dança, e o faz de contas, esses jogos e brincadeiras são legítimas expressões de infância. Brincar de roda, pular corda, amarelinha, etc. são maneiras de estabelecer contato consigo próprio e com outro, de se sentir único e ao, mesmo tempo, parte de grupo, e de trabalhar com as estruturas e formas musicais que se apresentam em cada canção e em cada brinquedo. Os jogos e brincadeiras musicais da cultura infantil incluem os acalantos, (cantigas de ninar); as parlendas os brincos, os mnemônicas e as parlendas propriamente ditas); as rodas (canções de roda); as advinhas; os cantos; os romances etc.” (RCNEI, vol. 3, 1998, p.71 apud BRITO, 2003, p. 96).
Assim, por meio da canção é possível percebermos o desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança (CHIARELLI; BARRETO, 2005, n/p.).
Outros pontos a serem destacados quando pensarmos na música como ferramenta pedagógica, de acordo com a BNCC (2017), são os 5 Campos de Experiencias, a saber: (1) Eu, o outro e nós; (2) Corpo, gestos e movimentos; (3) Traços, sons, cores e formas; (4) Escuta, fala, pensamento e imaginação; e (5) Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações. Assim, a criança poderá se conhecer melhor, bem como as demais crianças que fazem parte do meio em que se encontra inserida, desenvolve o conhecimento do próprio corpo, desenvolver o cognitivo, aprimorar as habilidades comunicativas e, por fim, desenvolver o campo científico e matemático da criança.
Assim, visando a música como forma de aprimorar o segundo campo, a BNCC, uma vez mais, argumenta que:
Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança […] As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.) (BRASIL, 2017).
Em resumo, a partir das contribuições destacadas ao longo desta seção, buscou-se evidenciar, de forma científica, ou seja, com base em estudiosos da área, a validade da música no que tange ao desenvolvimento psicomotor da criança. Assim, como foi possível notar, faz-se de suma importância o trabalho com a musicalização na educação infantil, visando, a partir da canção, “desenvolver as funções psíquicas superiores da criança, visto que, as mesmas ainda estão em fase de desenvolvimento” (GOMES, 2013, p. 31).
3 METODOLOGIA
Nesta seção, é apresentado o passo a passo metodológico adotado ao longo desta pesquisa a fim de melhor situar o leitor no que diz respeito ao diálogo realizado entre as teorias já existentes acera do tema, isso porque, como já mencionado na introdução, trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, a qual, de acordo com Severino (2007):
é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricos já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO, 2007, p. 122).
Posto isto, o presente estudo refere-se a um trabalho construído a partir de pesquisas que abordam a música no desenvolvimento psicomotor da criança. Nesse sentido, cabe destacar que o interesse pela temática se deu a partir das experiências vivenciadas pela pesquisadora em escolas nas quais atuou e desenvolveu trabalhos voltados para o uso da música e o desenvolvimento infantil, em especial a psicomotricidade.
Cabe destacar, então, que foi realizada uma pesquisa na plataforma Google Acadêmico e selecionados trabalhos teóricos que se debruçam sobre o tema. Tais trabalhos contribuíram com a elaboração da seção teórica, em especial pelo viés explicativo que cada um possui, isso porque, como pôde-se perceber, o arcabouço teórico teve como principal função compartilhar reflexões, contribuindo para aprimorar as investigações já existentes ou, quiçá, contribuir com aquelas que possam a vir surgir a partir desta investigação; em outros termos, por meio da pesquisa bibliográfica, é possível conectar as ideias de diferentes autores, de modo a compreender melhor dada situação investigada e ampliar ainda mais as discussões.
Por fim, faz-se necessário frisar que após observar como a Escola Infantil Montessori vem desenvolvendo suas atividades em torno da música (é possível conhecer melhor o trabalho da escola ao acessar o site oficial da instituição2), percebeu-se a validade da construção de um trabalho teórico que abordasse as teorias já supracitadas e formulasse uma breve análise acerca de como a música vem sendo empregada na educação montessoriana, ou seja, a musicalização e seu papel no desenvolvimento cognitivo da criança no ambiente escolar em questão.
Assim, na seção seguinte, é feita uma breve análise sobre o uso da música na escola já mencionada, sempre buscando respaldo nas teorias utilizadas como norte ao longo desta pesquisa.
4 BREVE ANÁLISE DA ESCOLA INFANTIL MONTESSORI E A UTILIZAÇÃO DA MÚSICA
Nesta seção, são analisados alguns dos pontos presentes no site oficial da Escola Montessori, discutindo, de forma breve os conceitos apresentados pela instituição e o pensamento de alguns estudiosos acerca da musicalização no desenvolvimento psicomotor da criança.
Para começar, o site dispõe da seguinte afirmação: “a ideia de que toda criança tem potencial musical e que todas elas são capazes de aprender e se expressar musicalmente permeia o Método Montessori”3. Nesse sentido, Brito (2003, p. 41) discorre que “o modo como as crianças percebem, apreendem e se relacionam com os sons, no tempo-espaço, revela o modo como percebem, apreendem e se relacionam com o mundo que vêm explorando e descobrindo a cada dia!”. Logo, optar pelo uso da música no fazer pedagógico da escola foi uma escolha assertiva, afinal, uma escola que traz em seu currículo a utilização da música contribui, significativamente, no desenvolvimento motor e cognitivo da criança.
Outro ponto que chama a atenção e está presente no site é a seguinte descrição: “As crianças aprendem com música, aprendem sobre música e aprendem por música”. Assim, é evidente que com a música o educando não apenas desenvolve sua psicomotricidade, mas também seus conhecimentos intelectuais e de mundo, isso porque o trabalho com uma música de cunho cultural, que aborde temas históricos ou sociais, levando em consideração a faixa etária da criança, pode também contribuir com o processo de ensino aprendizagem.
A escola demostra ainda se basear em estudiosos que discorrem sobre o assunto, a exemplo, exemplificando o pensamento de psicólogos da Universidade de Harvard Howard Gardner (1983) no que diz respeito à utilização da música na educação infantil. Vejamos abaixo um quadro formulado a partir das habilidades elencadas pela instituição e que diz respeito aos benefícios ocasionados através do trabalho com a música.
Quadro 1 – Habilidades desenvolvidas de acordo com a Escola Infantil Montessori.
- Coordenação motora fina e bruta: inclui equilíbrio, coordenação e ritmo com seu corpo enquanto ela está girando ou balançando. Talvez ela esteja subindo na ponta dos pés por um momento ou se movendo para trás. Ela também está aprendendo conceitos como velocidade “lento e rápido”.
- Autonomia: a criança escolhe onde colocar os pés, como balançar os braços, o volume do seu canto, etc. Ela se torna a protagonista da experiência.
- Desenvolvimento cognitivo: a criança está se concentrando em duas coisas ao mesmo tempo, canto e movimento, que está desenvolvendo suas habilidades cognitivas e ativando o funcionamento de todo o cérebro.
- Matemática subliminar: a música é contada e ritmada.
- Linguagem: quando a criança canta junto, mesmo que algumas ou todas as palavras não estejam certas, ela ainda está aprendendo e desenvolvendo essas habilidades linguísticas. Quando a música aumenta e fica mais alta, ela está experimentando o conceito de alto e suave.
- Inteligência emocional: com a experiência musical a criança tem sensações e emoções. Essas podem ser simples ou complexas, mas estão sendo sentidas, e é isso que importa.
Fonte: Escola Infantil Montessori (2020).
Como exposto no quadro acima, a música potencializa o aprendizado da criança desde os primeiros anos de vida. Nesse sentido, alguns dos benefícios que carecem destaque são: a concentração e o trabalho em grupo, aspectos de suma importância se levado em consideração o dia a dia em sociedade, afinal, a criança precisa desenvolver, além da concentração, uma aproximação com seus colegas de turma, ou seja, trabalhar o convívio social, tão importante dentro e fora dos muros da escola.
Ademais, um outro ponto relevante destacado pela Escola Infantil Montessori é o de que “As crianças, ao ouvirem, descobrem. Não somente o mundo, mas também a si mesmas”. Essa afirmativa corrobora com a premissa de que uma criança experimenta a música em sua forma concreta. Ou seja, a criança dança, pula, canta, grita, corre, etc., essas ações são muito importantes no desenvolvimento motor, pois, ao sentir a música a criança se desenvolve de modo natural, ou seja, seu processo de maturação ocorre da forma mais natural possível.
É importante destacar que ainda de acordo com o site oficial da instituição,
A educação musical em Montessori está fortemente relacionada aos conceitos de educação cósmica e criança equilibrada. Isso porque Maria Montessori via a educação como um processo holístico, que deveria ir além do desenvolvimento intelectual, propiciando também o artístico, o emocional, o socioafetivo e o motor (ESCOLA INFANTIL MONTESSORI, 2018, s/p.).
Posto isto, no que tange ao desenvolvimento psicomotor da criança, as atividades que se apropriam da música podem oferecer inúmeras possibilidades de que a criança desenvolva suas habilidades motoras, isso porque o ritmo contribui na formação do sistema nervoso da criança.
Assim, por todos os benefícios aqui elencados, fica evidente a importância da utilização dessa ferramenta nas aulas ministradas na educação infantil. A escola Montessori, por exemplo, parece ter compreendido a riqueza a canção guarda consigo, tanto para o desenvolvimento cognitivo, linguístico e motor da criança.
5 CONCLUSÃO
De acordo com Machado, Batista e Simões (2014), a psicomotricidade é um campo da ciência que vem evoluindo ao longo do tempo, “proporcionando uma ampliação dos métodos de ação voltados para o desenvolvimento psicomotor e a aprendizagem infantil” (MACHADO; BATISTA; SIMÕES, 2014, p. 16). Assim, a educação, em especial a infantil, tem se debruçado sob a temática a fim trabalhar os aspectos psicomotor da criança.
Nesse sentido, como foi possível perceber ao longo deste trabalho, por meio da música, em especial devido às capacidades de desenvolvimento psicomotor do indivíduo, ou seja, a psicomotricidade, é notória a possibilidade de um ensino aprendizagem que considere o desenvolvimento cognitivo e motor da criança por meio da música; uma alternativa válida no que tange o ensinar na educação infantil, isso porque com a música é possível aprimorar as funções cognitivas e motoras, além de favorecer, sem dúvidas, os aspectos afetivos e a socialização.
Posto isto, esse trabalho se dividiu em algumas seções (introdução, desenvolvimento, metodologia, análise considerações finais) a fim de discutir e melhor compreender a temática, sempre com base em pesquisas anteriores, discorrendo e corroborando para as literaturas já existentes. Ademais, foi feita uma breve interpretação de como a Escola Infantil Montessori percebe e incrementa a música em seu currículo. Logo, ficou evidente que a escola percebe seu papel no que diz respeito ao desenvolvimento motor da criança e como a música pode ajudar durante o processo.
Por fim, é importante destacar a necessidade de novas pesquisas na área aqui discutida, afinal, este trabalho não se dá por completo ou incontestável, mas como mais uma ferramenta a contribuir para que surjam novos questionamentos e desejos pela elaboração de pesquisas outras, sejam elas pesquisas bibliográficas ou de campo.
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